quarta-feira, 21 de abril de 2010

ME-DO

Começo a gostar de flamenco. A sério.

Isto depois de, no ano passado, ter ficado com pele de galinha
num "tablao flamenco".

Nada a fazer...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

And then, when you no longer expect it...

Às vezes há que saber ceder. Olhar à volta e perceber que nem sempre tudo é perfeito à primeira. Que as pessoas e as coisas e os momentos precisam de tempo para crescerem, para se moldarem à realidade, para perceberem o que podem ser se os deixarmos acontecer. Às vezes há que pôr o orgulho de lado. E as certezas absolutas. E as frases feitas. E o medo de voltar a cair. E arriscar. Com medo, com pânico, com sufoco e aperto e esse nó na garganta que não se desfaz. Mas ainda assim, arriscar. E lutar contra todas as coisas más. Fechar os olhos e pensar com afinco que pode correr bem, que é tempo de sermos positivos e de nos deixarmos levar.

E pode ser que volte a sair tudo mal outra vez. Que a cabeça volte a ficar debaixo da almofada demasiado tempo. Que passem semanas sem que nos apeteça mover do mesmo sítio ou sequer abrir os olhos. Que doa, que o coração volte a encolher e venha a falta de ar misturada com a angústia e as lágrimas. Pode ser...

Pode... ou pode ser que aconteça o contrario e arrisquemos ser felizes.

Às vezes há que dar segundas oportunidades. Sobretudo a nós mesmos.

Seguir o conselho que o melhor de todos me deu um dia.
“When in doubt, give. In doubt: give”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Também é isto...

"(...) ele achou que ela lhe agradecia tudo o resto: o companheirismo, a ternura, a protecção, as vezes que sorriu pelo sorriso dela, as vezes que chorou com as lágrimas dela e por tudo o resto que nunca teve que fazer mas que ela sabia que ele estaria disposto."

roubado daqui

segunda-feira, 8 de março de 2010

And it starts now


Segunda-feira pode ser um dia tão bom como qualquer outro. E hoje está sol.
It's a beautiful day!

domingo, 7 de março de 2010

Baby steps

1. Chorar. Chorar tudo. Mas de uma só vez. Um dia inteiro, se for preciso. Até ficar com os olhos inchados e vermelhos e a picar. E depois acabou-se.
2. Sorrir. Muito e todos os dias, mesmo que não apeteça.
3. Rodear-me dos meus amigos, daqueles que gostam mesmo de mim. Dos bons.
4. Comer chocolate quente com churros.
5. Dormir mais.
6. Escrever mais.
7. Esfalfar-me no ginásio, sair de lá com a sensação de que me passou um camião por cima.
8. Abrir a janela todos os dias ao acordar e ouvir música boa onda logo ao início do dia.
9. Mudança de atitude: as segundas-feiras podem ser um dia tão bom como qualquer outro.
10. Mudança de atitude dois: tentativa e erro, tentativa e erro, tentativa e erro, e nunca deixar de tentar.
11. Aprender a esperar. As coisas boas demoram. Ter paciência e não desesperar.
12. Dançar até cair para o lado, todos os fins de semana e sempre que se puder.
13. Lembrar-me só das coisas boas, guardar as más no baú das lessons learned.
14. Saber que sou melhor do que isto e que vou voltar a sê-lo. Repeti-lo mil vezes se fizer falta.
15. Ser menos exigente comigo. Recordar, passo a passo, o caminho feito e perceber que até correu bem.
16. Dar-me tempo a mim mesma.
17. Lembrar-me que sou capaz.
18. Saber o que quero e por que o quero.
19. Respirar. Devagar e sem apertos.
20.
(Esta deixo em branco...daqui a um tempo volto para completar.)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Outra vez

Esta noite sonhei contigo. Estou cansada, preciso de dormir, mas voltei a sonhar contigo. O meu corpo tem esta capacidade estranha de rejeitar descanso quando mais preciso dele. Lembro-me de quando te deixava às quatro da manhã e caía na cama como se desmaiasse. O corpo, pesado, inerte, perdia os sentidos mal pousava a cabeça na almofada. Parecia que não ia abrir os olhos durante três dias seguidos. Mas três horas depois lá estavam as pálpebras a ceder. O corpo continuava pesado, mas a cabeça já ia longe, o cérebro contorcia-se com a tua imagem e a ideia de te ver horas depois enchia-me o peito sem me deixar respirar. Vinha o aperto, a falta de ar, a angústia e o corpo a pedir descanso.
“Dorme”

E o cérebro a lutar contra, a demorar-se no teu nariz e no teu sorriso.

E o corpo a arrastar-se de um lado ao outro da cama, pastoso, pesado, como se se quisesse fundir com o colchão e ser engolido pelos lençóis.

“Dorme”

E a maneira como acendes o cigarro sem me sair da cabeça,

“Dorme”

e tu a chegares o isqueiro ao cigarro e a chama a aparecer
,
“Dorme”

e a tua mão direita a tirar o cigarro da boca, os lábios juntos a deitar o fumo fora
.
“Dorme”

E depois a mesma mão pousada no volante, com o cigarro entre o indicador e o dedo médio, quase junto aos nós dos dedos,

“Dorme”

enquanto viravas o rosto e olhavas para mim, antes de passares a mão pela testa para desviares o cabelo.

(E esse momento, que durava só uns escassos segundos na realidade, na minha cabeça demorava uma eternidade, tal a exactidão com que era capaz de descrever cada movimento, cada expressão.)

E finalmente o corpo a ceder, ainda pesado, e as pálpebras a abrir, e os olhos cravados no tecto.
“Acorda”

E um sorriso que nem eu percebia e ficar mais duas horas assim, acordada, com o edredão até ao nariz e os olhos no tecto, à espera que o despertador tocasse.

E hoje voltei a sonhar contigo. Voltei a acordar com a boca seca e o corpo espesso. A reclamar descanso. E o cérebro sem lhe obedecer, a perder-se na tua imagem e nos teus braços que me apertavam com força.

E voltaste a estar a cinco centímetros de distância da minha boca. Nessa espécie de tortura boa que só nós entendíamos e que éramos capazes de prolongar até ao limite do impossível.

Esta noite sonhei contigo, dizia eu. Vinhas e era tudo fácil e perfeito, como sei que seria se viesses de facto. Vinhas e eu voltava a ser a miúda de antes, cheia de sonhos e ingénua e com a capacidade de acreditar intacta. Vinhas e fazias-me bem.

(Porque sempre me fizeste bem. Quando vinhas, quando estavas. Quando esquecias o mundo e aceitavas sem reservas que te sentias bem comigo.)

Hoje sonhei contigo e queria escrever-te outra coisa. Queria escrever-te qualquer coisa diferente, mais nova, menos batida. Mais racional. Mais distante e mais fria. Queria escrever-te o que devo, mas só me sai o que me apetece. Só me sai o que sinto. Só me sai que te adoro.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

É isto...

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.

Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.

Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.

Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".

Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.

A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.

O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.

Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

Miguel Esteves Cardoso
"Elogio ao Amor" - Expresso

...é mesmo isto.
E tudo o que for menos do que isto nã
o vale a pena.