Um dia disseram-me: "O tempo cura tudo". E repetiram a frase vezes sem conta. E eu agarrei nela e convenci-me que sim, que era verdade. E acreditei. Mas depois tu voltas, e voltas e voltas... e demasiado tempo depois ainda tens a capacidade de me deixar o coração em frangalhos, com a sensação de que agarraste nele e o atiraste contra a parede vezes sem conta. Tu não sabes, mas é assim que me sinto de cada vez que voltas a aparecer. Como se me arrancassem o coração e o atirassem uma e outra vez contra a parede. E eu fico ali, feita cacos, no chão, a olhar para todos os pedaços estilhaçados, com a certeza de que algum se perdeu mais uma vez e que nunca vou ser capaz de os voltar a pôr a todos no sítio e a pensar que já era tempo de te arrancar de dentro de mim. E que, se o tempo cura tudo, quanto tempo falta para que tu deixes de ser esta ferida permanentemente aberta? Já é tempo de que saias da minha vida. É tempo de que entendas que me fazes mal. E que não voltes.
Não voltes. Não voltes. Não voltes. Por favor. Eu não quero que voltes.