Um dia acordas e percebes que já não existe. É uma sensação estranha, não sabes bem o que é, mas já não existe. E olhas para ti, para dentro, e de dentro para fora e viras-te do avesso e voltas a procurar e não existe. Encolhes os ombros e dizes que não importa. Mas não sabes em que momento acabou. Onde desapareceu. Em que esquina ficou depois de que tu seguisses em frente. Sabes que já não está. Continuas com a tua vida, preenches os espaços vazios com coisas mais vazias ainda que os enchem de nada.
No fundo, sabes que algum dia voltarás a subir aos telhados e a conversar até amanhecer. E que um dia vais dar a mão outra vez e dançar ao som do saxofone do miúdo que sempre toca ao fundo da rua. E que vais voltar a soltar gargalhadas ao quadrado e que a vida vai voltar a ser mais que um encolher de ombros.
Que um dia acordas, e percebes que voltaste a sentir.
(Não, não sabes nada disto. Mas preferes acreditar que sim.)
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